A Medida Provisória 656/2014 enriquece ainda mais os donos de
cartórios
A MP 656, no inciso IV do artigo 54, estabelece o procedimento
da concentração das ações judiciais na matrícula do imóvel, sendo a cobrança
deste procedimento estabelecido no art. 56, § 1º.
Traduzindo: o autor de qualquer ação judicial (trabalhista,
juizado especial, penal, etc.) para ser considerado diligente, deverá percorrer
todos os cartórios de registros de imóveis de sua cidade fazendo pesquisas para
localizar bens dos réus e depois promover as averbações dessas ações nas
matrículas de seus imóveis. Para efeito de pagamento ao cartório de registro de
imóveis, esta averbação é considerada sem valor declarado.
Os donos de cartórios de registro de imóveis, além de ganhar
grandes somas de dinheiro com todas essas pesquisas de bens, averbações nas
matrículas dos imóveis, foram contemplados também com a exigência de mais uma
certidão para a lavratura do contrato de compra e venda de imóveis – a certidão
de propriedade (artigo 59).
Todos nós sabemos que as receitas dos cartórios de registro de
imóveis são milionárias. Dou como exemplo as receitas do ano 2013 de dois
cartórios, divulgadas pelo Conselho Nacional de Justiça:
Registro de Imóveis da 1a Zona de Porto Alegre – R$16.064.090,00
1º Oficio de Registro de Imóveis de São Paulo – R$ 14.400.194,00
Para se ter uma ideia do quanto a MP 656/2014 ajudará aos donos
de cartórios ficarem mais ricos, basta refletirmos sobre os seguintes pontos:
1. Até agosto de 2014, tramitava no TJ/SP 20.258. 821 ações
(conforme o Comunicado nº 1090/2014 da Corregedoria Geral-TJ/SP);
2. O valor da averbação sem valor declarado cobrado em São Paulo
(item 2.1 da tabela da ARISP) é de R$ 20,14 por ato;
3. Como a baixa da averbação também será cobrada, o autor da
ação pagará, no mínimo, R$ 40,28 por ação averbada no cartório. Eu digo
"no mínimo" porque qualquer alteração durante a tramitação da ação
judicial (retificações, redistribuições, inclusão e/ou exclusões de nomes, etc)
deverá ser averbada e paga pelo autor de qualquer ação judicial:
4. Considerando apenas as ações em curso na Justiça Estadual de
São Paulo, os autores de ações judiciais arcarão com uma despesa de dois
bilhões de reais, que está sendo direcionada, pela MP 656, aos donos cartórios
de registros de imóveis. O montante desse valor é muito maior, pois neste
cálculo não se levam em conta as ações das justiças federal e trabalhista.
Veja mais;
http://ducarmo1.jusbrasil.com.br/artigos/159000980/a-medida-provisoria-656-2014-enriquece-ainda-mais-os-donos-de-cartorios?utm_campaign=newsletter-daily_20141219_476&utm_medium=email&utm_source=newsletter.
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