Brasil:
12º mais violento do planeta
Se a
tolice não fosse também uma característica humana (faz 70 mil anos que o Homo
Sapiens aprimorou sua linguagem, com a Revolução Cognitiva, para expressar
coisas que não existem, nas quais os humanos acreditam), [1] jamais os
demagogos populistas seriam capazes de nos “vender” o mito da segurança grátis.[2]
A construção de sociedades razoavelmente civilizadas e seguras exige muito
planejamento, políticas preventivas eficientes, excelente escolarização de
todos, muitos custos e gastos bem orientados, certeza do castigo e um
gigantesco pacto nacional (a segurança é assunto de cada um e de todos nós).
Três
modelos de sucesso: 1º) países escandinavos (com 1 assassinato para cada 100
mil pessoas); 2º) EUA (4 para cada 100 mil); 3º) alguns países asiáticos (2
para cada 100 mil). O que esses países de sucesso em matéria de criminalidade
nos ensina? Que não se faz omelete sem quebrar ovos. Na economia, o neoliberal
Milton Friedman cunhou a famosa frase que diz:“There is no such thing as a free
lunch” (não existe esse negócio de almoço grátis).
Em que
consiste o mito da segurança grátis? É o que promete distribuir segurança e
tranquilidade para todos com a mera edição de uma nova lei ou reforma penal,
sem custos para ninguém. O legislador brasileiro de 1940 a 2015 já promoveu 156
reformas penais (das quais, 75% são leis mais duras) e a criminalidade nunca
baixou (ao contrário, só aumenta: em 1980 tínhamos 11 assassinatos para cada
100 mil pessoas; fechamos 2013 com 28,2). O legislador não é o único, mas é o
grande responsável pela “venda” do “mito da segurança grátis”, que acredita na
força (repressiva e preventiva) da alteração legislativa como “solução” para os
graves problemas da (in) segurança pública.
Essa
política nefasta e infértil (os resultados estão aí para comprovar sua
ineficácia) já teria sido extirpada do solo brasileiro se as massas rebeladas
(objetivamente indignadas) não caíssem esporádica ou frequentemente na tolice
de acreditar no mito da segurança grátis. O Brasil não tem conseguido sair do
atoleiro do semi-desenvolvimento (continua na vergonhosa posição 69ª no ranking
mundial do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano). Um dos termômetros desse
sub ou semi-desenvolvimento é a questão da insegurança pública, que é
alimentada por uma trágica criminalidade galopante (mais violenta nos
criminosos das classes populares e mais corrupta e fraudulenta nos criminosos
das classes dominantes).
Existe
muita coisa de particularmente errado na formação histórica da sociedade
brasileira (permissiva, anômica, não cumpridora das leis etc.), mas nada se
compara com as classes dominantes (lideranças extrativistas) que a governa. São
sucessivos governos de mau uso do dinheiro público: perdulários, preservadores
de privilégios, fisiologistas, patrimonialistas, corruptos etc.
Não é
por acaso que o Brasil é o 12º país mais violento do planeta. Esse é o
resultado encontrado no levantamento do Instituto Avante Brasil, dentre 185
países, com dados de 2011, 2012 ou 2013 (fontes: UNODC e Ministério da Saúde,
Datasus). Entre os 10 mais violentos, 9 estão na América Latina e Caribe, com
exceção da África do Sul. São eles: Honduras, na primeira posição por mais um
ano (2013: 84,3 mortes para cada 100 mil habitantes), Venezuela (53,6), Belize
(45,1), Jamaica (42,9), El Salvador (39,8), Guatemala (34,6), São Cristóvão e
Nevis (33,4), África do Sul (31,9), Colômbia (31,8) e Trinidad e Tobago (30,2).
Em comum, todos esses países registram alta taxa de desigualdade econômica e
social, escandaloso índice de corrupção e baixa escolaridade. O Brasil (em
2013), atrás de Bahamas, registrou uma taxa de mortes de 28,2 por cada grupo de
100 mil habitantes. Em números absolutos, está na primeira posição isolada, com
56.804 homicídios (de acordo com o Datasus).
Os
países considerados menos violentos estão em sua maioria na Europa e na Ásia. Liechtenstein
e Andorra dividiram a primeira posição com nenhum homicídio nos anos
disponíveis. Em seguida vêm Luxemburgo (0,2), Islândia (0,3), Cingapura (0,3),
Japão (0,3), Brunei (0,5), Bahrein, Eslovênia (0,5) etc. (são 78 países com
mais de 5 assassinatos para cada 100 mil pessoas; 106 com 5 ou menos). Todos
esses países se encontram no grupo do IDH elevado ou muito elevado, têm baixo
ou médio índice de corrupção, pouca desigualdade econômica e social e bons ou
ótimos índices de escolaridade. Os países com até 5 assassinatos para cada 100
mil pessoas possuem essas características; eles comprovam que não existe o mito
da segurança grátis. Nos comportamos de forma muito tola quando acreditamos
nesse mito.
Veja
mais informações sobre este artigo aqui: http://luizflaviogomes.com/brasil-12o-mais-violento-do-planeta/
Colaborou
Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil
Luiz
Flávio Gomes
Luiz
Flávio Gomes
Professor
Jurista
e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto
Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a
1998) e Advogado (1999 a 2001). [ assessoria de comunicação e imprensa +55 11
991697674 [agenda de palestras e entrevistas]
Veja
mais;
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário